Você já reparou como as igrejas estão cheias de falsos convertidos? Qual a raiz deste problema? Mark Dever, em uma pregação chamada “Falsos Convertidos: O Suicídio da Igreja” (que iremos lançar completa em breve) analisa o caso. No vídeo anterior, vimos que falsos convertidos são frutos de um evangelho deturpado. Neste trecho, ele mostra como a falta de ortopraxia (a prática correta) pode gerar falsos convertidos. Dever afirma que é um erro apresentar uma igreja sem (1) santidade, (2) sofrimento e (3) amor. Uma igreja que é apresentada sem tais pontos é um lugar fácil para se ter falsos cristãos. Como Dever fiz:
[...] se você quer reunir muitos cristãos falsos em sua igreja, apenas diga a eles que há um dom gratuito que não requer nenhum sacrifício próprio, e que a dificuldade de carregar a cruz é apenas para aqueles super-santos que escolhem “extra-grande” quando pedem suas “refeições espirituais”. A verdade, contudo, é: sem cruz, sem coroa. Sem cruz, sem coroa. Jesus nos ensinou que neste mundo teríamos aflições. Ele disse àqueles que estavam considerando segui-lo: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me siga.”
Conversão é uma das nove marcas ressaltadas
por Mark Dever como importantes para a saúde da igreja. Se você quer
estudar mais o assunto, recomendamos o livro de Mike McKinley,
integrante do ministério 9Marks, sobre o assunto.
Eu Sou Mesmo Um Cristão? (Mike McKinley)
Você é realmente um cristão?
Você pode pensar que é um cristão, mas
talvez não seja. O próprio Senhor Jesus disse que algumas pessoas fariam
algumas coisas aparentemente “cristãs” em nome dEle, mas não o
conheceriam verdadeiramente. Ou talvez voce saiba que não é um cristão e
se pergunte o que significa realmente ser um cristão.
Certamente, há clareza na perspectiva de
Deus. Ele não se confunde quanto a quem o conhece ou a quem não o
conhece. Embora a nossa autoconsciência seja limitada, temos critérios
bíblicos para ajudar-nos a avaliar se somos realmente seguidores de
Cristo.
Transcrição
Observe sua vida e sua doutrina com cautela.
Porque, amigos, se nossas igrejas são caracterizadas por um viver errado, isso
pode ser tão condenável quanto ensino errado. Aqueles que ouvem o Evangelho
também observam como vivemos.
Deixe-me compartilhar três erros comuns. De novo,
conforme eu olho para o Novo Testamento, eu vi algo que ameaça a saúde
espiritual congregação que atormentou a igreja primitiva, e penso que nos
atormenta hoje também.
Número 1: É um erro apresentar uma igreja sem
santidade.
Apresentar uma igreja sem santidade. A falta de
santidade pode florescer em algumas igrejas conforme os pastores ignorantemente
evitam ensinar sobre o pecado, temendo que isso enfraqueça a graça. Estou
ansioso pela mensagem que Kevin DeYoung trará nesta conferência. A falta de
santidade pode florescer numa igreja sem prestação de conta. Igrejas que são
edificadas na base de uma cultura de individualismo e comprometimento para com
a privacidade. Mas no Novo Testamento, está claro que a vida cristã é
apresentada como sendo motivada por um amor a Deus que é contrário ao amor a
este mundo.
Novamente, pregue em 1 João sobre este ponto. É
muito útil. Ou Hebreus 12:14: Sem santidade, ninguém verá o Senhor. Amigos,
quão tentador é para nós fazer outra coisa. Mas foi por isso que o Senhor nos
deixou coisas como em Gálatas 5, as obras da carne e o fruto do Espírito, para
tomar estas coisas e examinar nossas próprias vidas, e considerar ensinar a
nossos membros o que significa viver como um cristão. Isso é, em última
instância, o motivo de termos uma igreja local; para nos acordar do autoengano,
quando seríamos confundidos. Se fôssemos deixados à nossa preguiça espiritual
seríamos vencidos para sempre. Quão tentador é apresentar a igreja como
apoiadora e tolerante com todos os pecados, mesmo aqueles que as pessoas não se
arrependem a respeito. Mas a verdade é que há uma maravilhosa, bela e saudável
liberdade na santidade. Conforme Deus nos dá o novo nascimento, seu Espírito
nos ajuda a viver vidas que fomos, literalmente, feitos para viver.
Tivemos 5 testemunhos aqui somente hoje sobre como
o Espírito Santo entrou e salvou tantas pessoas. E em cada uma dessas vidas,
começando a refazê-los como eles foram criados para ser. Imagine não apenas um
indivíduo, mas uma comunidade inteira na qual começamos a refletir o caráter de
Deus cada vez mais, e nossa mudança cada vez mais profunda à sua semelhança.
Você vê quão poderoso é este testemunho? Quão poderoso é o encorajamento em
nossas próprias vidas. Então é um erro apresentar uma igreja sem santidade.
Admitir o mundanismo.
Número 2: Também é um erro apresentar uma igreja
sem sofrimento.
Uma igreja sem sofrimento. Esta é uma tentação para
todos nós. Se dependesse de nós, todos evitaríamos a pobreza e a doença. E
alguns dizem que evitar pobreza e doença são bons objetivos para nossas vidas e
nossos trabalhos, mas não como objetivos finais. Tais objetivos são pequenos
demais para o cristianismo bíblico. E se admitimos que estes são os nossos
objetivos, e se é isso que ensinamos e pastoreamos praticamente em nossas EBDs,
e nossas igrejas, então induziremos outros ao erro sobre aquilo do que Cristo
nos salvou. Ele nos salva de falência e morte finais, isso é verdade. Mas não
necessariamente do sofrimento neste mundo, de fato, o cristianismo verdadeiro
nos chamará para o sofrimento.
C.J. estava falando disso mais cedo em 2 Coríntios
4, sobre alguns pregadores que estão morrendo. Você percebe que pregadores de
saúde e prosperidade são falsos mestres? Precisamos ser claros nisso em nossa
pregação! Também precisamos perguntar a nós mesmos: “Nós fazemos versões mais
amenas da mesma coisa?” Na maneira pela qual apresentamos as coisas. Você pensa
que uma igreja saudável é uma espécie de triunfalismo consciente em tudo, desde
nossos sorrisos até nossa música? Tudo isso deve preencher a atmosfera de nossa
reunião. Como Carl Trueman, em seu excelente artigo, há alguns anos trás, “O
que cristãos tristes cantam?” E se eu chegar na igreja no domingo e acabo de
ter uma briga terrível com minha esposa? Ou acabo de perder o emprego? Vejo que
muitos dos salmos são lamentações. Não é que eu não tenha fé, não é que eu não
creia em Deus, mas e se eu estou ferido?
Se os cultos que temos na igreja tivessem qualquer
espaço para reflexão silenciosa e séria, aqueles de nós que comparecem todos os
domingos que estão feridos, como podemos guiá-los à esperança? Ou os pressionamos
dizendo que eles têm de ter felicidade imediata para ambientar-se quando entram
pela porta?
Você tem pregado em 1 Pedro ultimamente? Eu amo
esse livrinho. O capítulo 2 nos diz que Cristo sofreu deixando-lhe um exemplo e
você deveria seguir seus passos. O capítulo 3 nos diz que é melhor sofrermos
por fazer o bem do que o mal. Capítulo 4: Se você sofre como cristão, não se
envergonhe, mas louve a Deus por carregar este nome. Os que sofrem segundo a
vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.
Amigos, nós tivemos o privilégio de termos muitos
não-cristãos em nossos cultos ao longo dos anos. Pude falar com muitos deles
antes de partirem. Uma coisa que ouço às vezes é a apreciação deles por nossa
igreja parecer abordar tópicos de maneira séria. Que nós queremos engajar com
eles. E muito frequentemente eles sentem, e só estou contando coisas que eles
me disseram, que em igrejas evangélicas é necessário fazer parte de um “clube
feliz” para se aproximar. Ninguém os ouve seriamente e de maneira empática para
saber o que estão sentindo. Penso que nossa igreja deve ter muito espaço para a
alegria. Temos esperança em Jesus Cristo. Temos isso no contexto de ouvir onde
as pessoas estão, e entendê-las e ministrar-lhes o Evangelho.
Então, será a vontade de Deus que todos nós
soframos? Bem, se você quer reunir muitos cristãos falsos em sua igreja, apenas
diga a eles que há um dom gratuito que não requer nenhum sacrifício próprio, e
que a dificuldade de carregar a cruz é apenas para aqueles super-santos que
escolhem “extra-grande” quando pedem suas “refeições espirituais”. A verdade,
contudo, é: sem cruz, sem coroa. Sem cruz, sem coroa. Jesus nos ensinou que
neste mundo teríamos aflições. Ele disse àqueles que estavam considerando
segui-lo: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me
siga.”
Amigos, que maravilhosa realidade pode ser
encontrada em nossas igrejas, que verdade e que bondade, quando francamente e
realisticamente reconhecemos a queda e as trevas de nossos próprios corações,
não apenas do mundo lá fora, mas de nossos próprios corações, e do mundo em que
vivemos, e nos opomos a essas trevas com a força de Deus e em confiança.
Também temos de dizer que há um erro número
3:Apresentar uma igreja sem amor.
Uma igreja sem amor. Sabe o que quero dizer? Vamos
dizer que você está buscando santidade. Você quer se comportar diferentemente
do mundo de uma maneira piedosa. E você está tranquilo com o negócio do
sofrimento. Você tranquilamente derrubou a ideia do determinismo. Você é são
doutrinariamente, você é ortodoxo. Você tem uma disposição para sofrer. Mas,
amigo, se amor não marca a igreja, então ela pode até atrair “espirituais por
esporte”, pode atrair pessoas que gostam de teologia, que gostam de brincar com
ideias religiosas, mas não se incomodam em amar a outros.
Frequentemente digo isso em nossa classe de novos
membros, que visto que eu prego sermões de aproximadamente 1 hora em nossa
igreja, e espero que seja curto assim hoje à noite, temos o tipo de igreja onde
muitas vêm pessoas que leem livros dos puritanos, e pesados livros de teologia,
leem John Piper, esse tipo de coisa o tempo todo. E tive a oportunidade, muitas
vezes, de dizer a jovens homens que leem esses livros que se você não está
disposto a acordar uma hora mais cedo no domingo para dar uma carona para a
igreja a um homem de 90 anos de idade, eu não sei se você conhece a Jesus. Não
sei se você é sequer cristão.
Eu entendo que você gosta de conhecimento
teológico, mas até demônios creem e tremem. Demônios ganham nota máxima em
qualquer prova de seminário. Certo? Claro que ganham. Eles ganhariam uma nota
melhor do que qualquer um de nós no seminário. Mas se não há uma fé viva, isso
tipifica o não-regenerado. Não há o amor que é a marca daquele que
verdadeiramente se reconhece como objetos da amável misericórdia de Deus.
1 João ensina que se andarmos na luz, temos
comunhão uns com os outros. É por isso que ele escreve que qualquer um que diz
estar na luz, mas odeia seu irmão, ainda está em trevas. Em 1 João 3
encontramos a marca daqueles que são verdadeiramente convertidos: “Sabemos que
já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama
permanece na morte.” “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.”
Amigos, se vocês experimentaram a vida em uma
congregação cristã que é cheia de amor, onde se toma a iniciativa de cuidar do
outro, e tristezas têm empatia, e as refeições são cozinhadas, e caronas são
dadas, e ofensas são esquecidas, e afeições apropriadas são expressadas, ajuda
é oferecida, perdão é estendido e alegria é compartilhada livremente… Amigos,
oro para que esta seja a experiência de cada um de nós aqui. Imperfeitamente,
sim, mas real em nossa igreja local. Uma das mais graves necessidades que nosso
mundo tem são de igrejas cheias de cristãos verdadeiros que são de fato
comprometidos uns com os outros, e com os de fora, em amor. O mundo celebra
imitações baratas e rendições parciais desse amor. Experimentar o amor real,
com autoridade, bondade e habilidade de corrigir, auto-sacrifício, sabedoria,
experimentar esse tipo de amor é estimulante. Até chocante. Sim, muitos são
repelidos, mas também é verdade que, pela graça de Deus, muitos serão atraídos
por esta mensagem do dedicado amor de Deus em Cristo.
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